às vezes me sinto invisível
eu fico me perguntando
se ser visível é real
brilham pequenas - quase invisíveis às vezes - se olhadas de longe
enormes estrelas
e quando morrem
ainda assim as vemos na sua visível invisibilidade
a visão engana
quem preza só as coisas grandes
uma estrela por um momento
É tão real quanto tocar no invisível
Ser invisível pode ter o gosto de um céu de estrelas
às vezes Sou mais eu na superfície
Na Profundidade do encontro
Kama sutra das idéias com os outros
às vezes sou menos invisível com os outros do que comigo
outras vezes as estrelas me aparecem sozinha
Sem estigmatismos
que Atrapalham a visão
porque
às vezes é sozinha que consigo inventar, mesmo que um invísivel cheio de estrelas
olhar o céu sem ser a própria estrela hoje
soa como render-se ao estado de espectador de quem fabrica as visibilidades refrigeradas com suas bolhas de invisível conteúdo
o sagrado só tem sido sagrado se for pop
o sagrado está cada vez menos invisível
às vezes me sinto paulistanamente invisível
eu fico me perguntando
se ser visível nessa cidade é real
quando é assim preciso dançar sozinha ou na rua, num bar, numa igreja, conversar com as pessoas, falar merda, rezar, fazer alguma coisa pela cidade, por alguém, por mim que seja, ou apenas olhar o céu
às vezes preciso inventar o céu da minha cidade
escrito por helena janeiro;2006