Tuesday, October 16, 2007

HENFIL

"Eu nunca soube amar, eu nunca soube amar a cada um, eu nunca soube amá-los como indivíduos. Eu nunca soube aceitá-los como feios, fracos e lentos, tragam-me um doente e não chorarei com ele, mas me mostre um hospital e derramarei rios e mares, eu não sei falar e ouvir um homem ou uma mulher ou uma criança, eu só sei fazer coletivo, massa, povo, conjunto, sou capaz de ser herói, mas não sou capaz de ser enfermeiro, sou capaz de ser grande, mas não sou capaz de ser pequeno, eu nunca dei uma flor, nunca amei uma pessoa, mas tenho amor. Dou desenhos, dou textos, escrevo cartas sem contato manual, sem intimidade, sem entregar, por que desenho? por que escrevo cartas? Minha arte é fruto da minha importância de viver com vocês. Um dia vou rasgar o papel que escrevo, rasgar o bloco que desenho, rasgar até esse recado covarde e vou me melar e besuntar com vocês, tudo com o meu grande beijo, vocês vão me reconhecer fácil, vou ser o mais feliz de vocês..."

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